sexta-feira, 11 de maio de 2012

DOR NAS COSTAS

DOR NAS COSTAS
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O QUE É

A dor nas costas pode constituir um sintoma de muitas doenças e patologias diferentes. A principal causa da dor pode ser um problema na própria coluna ou um problema noutra parte do corpo. Muitas vezes os médicos não conseguem encontrar uma causa exacta para a dor.

CAUSAS MAIS FREQUENTES

Stress ou lesão envolvendo os músculos da coluna, incluindo:
Distensão da coluna;
Sobrecarga crónica dos músculos da coluna provocada por obesidade;
Sobrecarga aguda (ou subaguda) dos músculos provocada por um stress como, por exemplo, levantar pesos ou gravidez .
Doença ou lesão envolvendo os ossos da coluna (vértebras), nomeadamente:
Fractura devido a um acidente
Osteoporose (diminuição da massa óssea)
Artrose (processo de “desgaste” das articulações que pode estar relacionado com a idade, utilização abusiva da articulação e predisposição genética).
Doença ou lesão dos nervos, incluindo:
Compressão nervosa por uma hérnia discal
Canal lombar estreito (conflito entre o conteúdo do canal vertebral e as suas paredes)
Cálculos renais (“pedras nos rins”) ou uma infecção renal (pielonefrite)

CAUSAS MAIS RARAS

Artrite, incluindo espondilite anquilosante e doenças relacionadas
Um tumor ou cancro que se disseminou para a coluna a partir de qualquer outro ponto do corpo (metástases)
Infecção, que pode ser no espaço do disco, osso (osteomielite), abdómen ou cavidade pélvica

MANIFESTAÇOES CLÍNICAS

A dor nas costas tem múltiplas formas de apresentação possíveis. Algumas manifestações clínicas podem sugerir que a dor nas costas tem uma causa mais grave, nomeadamente: febre, traumatismo recente, perda de peso, antecedentes de cancro e manifestações neurológicas, tais como fraqueza muscular ou incontinência urinária ou fecal (perda involuntária de urina ou fezes).

AS CARACTERÍSTICAS DA DOR nas costas podem ajudar a apontar a sua causa. Eis alguns exemplos:

Distensão da coluna (lumbago agudo) – A dor na coluna começa, tipicamente, no dia seguinte a um esforço intenso. Os músculos da coluna, nádegas e coxas encontram-se, muitas vezes, doridos. A coluna pode apresentar áreas que são dolorosas quando tocadas ou pressionadas.

Fibromialgia – Além da dor nas costas, existem outras áreas de dor e rigidez no tronco, pescoço, ombros, joelhos e cotovelos (dor generalizada). Estas queixas são mais graves de manhã e ao fim da tarde/início da noite. Habitualmente, as pessoas sentem um cansaço anormal (acordam cansadas) e têm alterações do sono. Na observação, os doentes apresentam múltiplos pontos dolorosos à palpação.

Artrose da coluna – Ocorre dor que agrava com a mobilização da coluna e que se desenvolve durante muitos anos. Também pode ocorrer rigidez.

Artrite, incluindo espondilite anquilosante e problemas relacionados – Nestas perturbações, verifica-se dor na parte inferior das costas, juntamente com rigidez matinal na coluna e/ou ancas. Também pode haver dor e rigidez no pescoço ou tórax e uma sensação de cansaço extremo.
Outras manifestações podem incluir psoríase, dor e vermelhidão oculares ou diarreia, dependendo da perturbação específica que está a provocar a dor nas costas.
Este grupo de doenças é menos frequente que a distensão, a artrose, a osteoporose, a fibromialgia e a hérnia discal

Osteoporose – Esta doença comum caracteriza-se por perda de massa óssea com enfraquecimento dos ossos, que podem sofrer uma fractura facilmente. É mais comum nas mulheres após a menopausa. Quando ocorre fractura das vértebras, estas colapsam e as costas podem ficar arqueadas (“corcunda”). A osteoporose evolui sem qualquer sintoma até que ocorra uma fractura óssea, altura em que pode surgir uma dor nas costas que piora com o movimento (incluindo o espirro ou a tosse) e melhora com o repouso.
As fracturas vertebrais podem ser de difícil diagnóstico porque podem ocorrer mesmo sem um traumatismo significativo e manifestar-se por uma dor crónica.

Cancro nas vértebras ou estruturas adjacentes – A dor nas costas é persistente e pode agravar-se quando o doente está deitado. Pode surgir entorpecimento ou formigueiro nas pernas de agravamento progressivo. Se o cancro comprimir os nervos que controlam a bexiga e o intestino, pode ocorrer incontinência urinária e fecal (perda involuntária da urina e fezes).

Hérnia discal – Na coluna, as vértebras estão separadas por um disco intervertebral, que tem um núcleo gelatinoso com função amortecedora (o núcleo pulposo). A hérnia discal é um prolapso (protusão) do núcleo pulposo do disco intervertebral. As pessoas com doença significativa do disco intervertebral podem ter dor intensa na parte inferior da coluna. Se a hérnia comprimir o nervo ciático, a dor pode irradiar para uma perna (ciática). A dor agrava-se com movimentos da coluna como dobrar-se ou torcer-se.

Canal lombar estreito – A dor, entorpecimento e fraqueza afectam a coluna e as pernas. Os sintomas agravam-se quando o doente está em pé ou a andar e são aliviados quando se senta ou dobra para a frente.

Pielonefrite – As pessoas com uma infecção renal têm, tipicamente, dor aguda intensa de um dos lados da região lombar, que pode irradiar para o abdómen inferior ou para a virilha. Também pode ocorrer febre alta, arrepios de frio, náuseas e vómitos. A urina pode ser turva, com cheiro fétido e/ou tingida de sangue. Podem ocorrer sintomas adicionais relacionados com a bexiga: micções invulgarmente frequentes, grande urgência em urinar, dor ou desconforto durante a micção e dor ou pressão na área da bexiga (na zona média da parte inferior do abdómen).

DIAGNÓSTICO

O médico irá questioná-lo relativamente aos sintomas e à sua história médica. Irá avaliar a coluna e os músculos das costas, os movimentos da coluna e, eventualmente, a sensibilidade, a força muscular e os reflexos. Se o médico suspeitar de uma hérnia discal, poderá pesquisar o sinal de Lasègue: com o doente deitado na marquesa, o médico levanta uma das pernas do doente, com o joelho esticado. Este sinal é positivo se o doente sentir uma dor na parte inferior da coluna que irradia para o pé.

Os seus sintomas e o exame físico podem dar informação suficiente ao médico para excluir uma doença grave e, por vezes, para chegar ao diagnóstico. Se o seu médico suspeitar que a dor nas costas é provocada por distensão muscular, obesidade, gravidez ou outra situação clínica que não seja urgente, poderá considerar que não é necessário qualquer exame adicional. No entanto, se suspeitar de um problema mais grave envolvendo as vértebras ou os nervos, sobretudo se a dor nas costas tiver uma duração superior a 12 semanas, pode precisar de um ou mais dos seguintes exames:

Radiografias da coluna
Análises ao sangue e à urina
Tomografia computorizada (TC) ou Ressonância magnética (RMN)
Estudos de condução nervosa e electromiografia para determinar se os nervos e/ou músculos estão danificados
Cintigrafia óssea, sobretudo em caso de história prévia de cancro

EVOLUÇÃO CLÍNICA

A duração da dor nas costas depende da sua causa. Por exemplo, se a dor for provocada por distensão devido a um esforço excessivo, geralmente os sintomas diminuem ao longo de dias ou semanas e o doente pode conseguir voltar, gradualmente, às suas actividades quotidianas normais. No entanto, enquanto tiver queixas, o doente deve evitar levantar pesos, permanecer sentado de forma prolongada ou fazer movimentos bruscos com as costas, como dobrar-se ou torcer-se.

As mulheres que apresentam dor nas costas provocada pelo peso adicional da gravidez melhoram quase sempre após o parto. As pessoas que são obesas devem perder peso para diminuir a dor nas costas.

Quando a dor nas costas é provocada por uma pielonefrite (infecção dos rins), geralmente ocorre uma diminuição dos sintomas após o início da toma de antibióticos. Habitualmente o tratamento com antibióticos dura cerca de 2 semanas.

As pessoas com formas mais graves de dor nas costas provocada por patologia nas vértebras ou nos nervos, podem ter dor persistente, que dura mais de 12 semanas e até pode durar anos, dependendo da causa específica e do tratamento.

PREVENÇÃO

É possível evitar algumas formas de dor nas costas com o fortalecimento da coluna através da prática de exercícios e com a evicção de actividades que podem provocar lesões da coluna. Devem ser cumpridas algumas medidas gerais, incluindo:

Manter uma boa postura. Permaneça com as costas direitas, mantenha os seus ombros alinhados com as ancas e contraia as nádegas.
Dormir de lado ou de costas com uma almofada debaixo dos joelhos
Praticar exercício com regularidade, realizando alongamentos antes e após o exercício.
Fazer exercícios para reforçar os músculos abdominais, que apoiam a parte inferior da coluna. Deite-se de costas no chão, com as mãos atrás da cabeça e joelhos flectidos. Pressione o fundo das suas costas contra o chão e levante os seus ombros cerca de 25 cm acima do chão e de seguida baixe-os. Não precisa de os levantar tanto se isso lhe causar dor. Repita o movimento dez a vinte vezes por dia.
Caminhar ou nadar regularmente para reforçar a parte inferior da coluna.
Levantar sempre os objectos pesados com os joelhos flectidos, usando as ancas e as pernas para ajudar. Nunca se curve para a frente para erguer objectos pesados.
Evitar estar sentado ou em pé durante períodos de tempo prolongados. Se o seu trabalho o obriga a permanecer sentado durante longos períodos, faça intervalos regulares para se levantar e caminhar um pouco. Se, por outro lado, tiver que permanecer de pé, coloque sempre um pé num pequeno bloco e vá mudando o pé de apoio ao longo do dia.
Evitar sapatos com saltos que tenham mais de 3,5-5 cm de altura. Os saltos altos deslocam o peso para a frente, colocando o corpo fora do alinhamento correcto.
Para ajudar a evitar a osteoporose, deve ter em atenção as necessidades diárias de cálcio e vitamina D, de acordo com o seu grupo etário. Pratique exercício físico de carga. Evite fumar e limite a quantidade de álcool que bebe. Se for mulher e estiver na fase da menopausa, pergunte ao seu médico se tem indicação para realizar uma densitometria para avaliar a densidade mineral óssea (nem todas as mulheres pós-menopausa precisam deste exame) e se deve iniciar algum tratamento para prevenir ou diminuir a osteoporose.

TRATAMENTO

A maioria dos episódios de dor nas costas não é grave e pode ser tratada com:

Repouso na cama durante um período curto (não superior a dois dias)
Paracetamol (para a dor) ou agentes anti-inflamatórios orais (para a dor e inflamação) tais como o ibuprofeno ou naproxeno
Relaxantes musculares
Compressas quentes ou frias
As pessoas com dor nas costas devem voltar, gradualmente, às suas actividades normais. No entanto, devem evitar, temporariamente, levantar pesos, estarem sentadas durante períodos prolongados ou fazerem movimentos bruscos que envolvam a coluna.

Durante o período de recuperação, o médico pode marcar uma consulta de seguimento para confirmar o desaparecimento dos sintomas e para que possa retomar, de modo seguro, todas as suas actividades normais.

Se a dor nas costas estiver relacionada com perturbações mais graves das vértebras ou nervos ou se não melhorar ao fim de algumas semanas, pode ser referenciado para um especialista: um Ortopedista (um médico especialista nas doenças dos ossos), um Reumatologista (um médico especialista nas doenças articulares) ou, em determinados casos, um Neurocirurgião (um médico especialista nas cirurgias do cérebro, medula e nervos). Em casos excepcionais de dor persistente e incapacitante, o doente poderá ser referenciado para uma Consulta de Dor.

Quando Contactar um Médico

Contacte o médico se:

A dor nas costas é muito intensa e impossibilita as actividades normais da vida diária.
A dor das costas surgiu na sequência de um traumatismo significativo.
A dor das costas era ligeira mas teve um agravamento ao fim de alguns dias ou se persiste durante mais do que uma ou duas semanas.
A dor nas costas é acompanhada de perda de peso, febre, arrepios ou sintomas urinários.
Desenvolver subitamente fraqueza, “encortiçamento” ou formigueiro numa perna.
Tiver alterações da sensibilidade na região genital e anal ou incontinência urinária ou fecal (perda involuntária da urina ou fezes)
Tiver uma dor das costas persistente e tem antecedentes de cancro.

PROGNÓSTICO

Mais de 90% das pessoas com dor das costas melhoram após tratamento conservador (ou seja, com medidas gerais e medicamentos). Apenas 5% das pessoas com dor das costas apresentam sintomas durante mais de 12 semanas e, para a maioria destas pessoas, a causa não é grave.J.N.

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