terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

DOENÇA UNIPOLAR/DEPRESSÃO

INTRODUÇÃO

A Depressão é uma das doenças psiquiátricas mais frequentes. Pensa-se que uma em cada quatro mulheres e um em cada dez homens, podem vir a ter crises depressivas durante a vida desde a juventude até à terceira idade. A criança também pode ser afectada.
O seu diagnóstico passa muitas vezes despercebido, quer por falta de reconhecimento da depressão como doenç...a, quer porque os seus sintomas são atribuídos a outras causas (doenças físicas, stress, etc.). Actualmente há, no entanto, meios terapêuticos adequados para o tratamento da depressão, que compensam os sintomas durante a crise e podem ajudar a evitar as recaídas, na maioria dos doentes.


COMO SE MANIFESTA A DEPRESSÃO

A depressão é uma perturbação do humor que não deve ser confundida com sentimentos de alguma tristeza (o estar em baixo ou desmoralizado), geralmente reactivos a acontecimentos da vida, que passam com o tempo e que geralmente não impedem a pessoa de ter uma vida normal.
Na depressão, os sintomas tendem a persistir durante certo tempo e podem incluir:

Sentimentos de tristeza, vazio e aborrecimento;
Sensações de irritabilidade, tensão ou agitação;
Sensações de aflição, preocupação com tudo, receios infundados, insegurança e medos;
Diminuição da energia, fadiga e lentidão;
Perda de interesse e prazer nas actividades diárias;
Perturbação do apetite, do sono, do desejo sexual e variações significativas do peso;
Pessimismo e perda de esperança;
Sentimentos de culpa, de auto-desvalorização e ruína, que podem atingir uma dimensão delirante;
Alterações da concentração, memória e raciocínio;
Sintomas físicos não devidos a outra doença (ex. dores de cabeça, perturbações digestivas, dor crónica, mal-estar geral);
Ideias de morte e tentativas de suicídio.
Estes sintomas perturbam significativamente o rendimento no trabalho, a vida familiar e o simples existir do doente, que sofre intensamente.

Há diferentes formas e graus de gravidade na depressão.
Em alguns casos, geralmente graves, os sintomas podem surgir sem relação aparente com acontecimentos traumáticos da vida, sob a forma de crises que perduram por vários meses. Muitas vezes as crises repetem-se ao longo da vida.
Noutros casos, a intensidade dos sintomas é menor, os doentes vão conseguindo trabalhar, mas permanecem com a sensação de fadiga, tristeza, desinteresse e tensão, que se arrasta durante anos, com um grande desgaste.
Por vezes, a pessoa não se sente triste, manifestando-se, então, a depressão por sintomas como a fadiga, dores várias, pressão no peito, insónia, perturbações gastroentestinais (náuseas, vómitos, diarreia, etc.), o que leva o doente a pensar que sofre de outra doença, dificultando o diagnóstico.

Algumas depressões aparecem inseridas numa doença conhecida por Doença Bipolar, na qual os doentes têm episódios depressivos, em alternância com períodos de excitação e euforia, fora do normal. Nas fases eufóricas, a auto-estima dos doentes está engrandecida e existe certa perda da noção da realidade, que pode levar a fazer gastos excessivos e a iniciar negócios incomportáveis.
A depressão é diagnósticada, considerando o todo da pessoa, no sentido físico, psicológico e social.

Convém ter presente que os sintomas depressivos podem fazer parte de outras doenças (ex. Doença de Parkinson e outras doenças neurológicas graves, doenças da tiróide e supra-renal e outras), resultar do uso de certas substâncias (álcool e outras drogas) e de alguns medicamentos (para a tensão arterial, hormonas e outros).
O médico deve investigar não só os acontecimentos traumáticos da vida do doente, mas inquirir também acerca dos medicamentos que este está a tomar e da existência de outras doenças habitualmente associadas à depressão.



CAUSAS DA DEPRESSÃO

Existe uma predisposição hereditária para alguns tipos de depressão, embora não se conheçam ainda as formas precisas dessa transmissão. Sabe-se, por exemplo, que gémeos de doentes com certas depressões, têm cerca de 70% a 80% de probabilidades de vir a ter a doença, mesmo que vivem num ambientes diferente.
Os conhecimentos actuais da ciência, permitem evidenciar a existência de alterações em algumas substâncias cerebrais (neurotransmissores), na depressão.
Os acontecimentos traumáticos da vida contribuem também para o aparecimento da depressão. Problemas familiares, o stress diário, a morte de alguém próximo, as doenças, uma crise financeira, conflitos prolongados, podem funcionar como desencadeantes ou facilitadores de episódios depressivos.
O tipo de personalidade e o estilo do indivíduo para lidar com a vida, podem também correlacionar-se com uma maior predisposicção para crises depressivas.



O QUE FAZER

Infelizmente, a doença depressiva, não sendo reconhecida pelo próprio como doença, nem diagnosticada pelo médico, presta-se a que outros, incluindo a famíia desvalorizem o(a) doente como «fraco», «incapaz», «preguiçoso» e até «maluco».

A imagem pessoal, a auto-estima, que já estão diminuidas pela doença, agravam-se ainda mais, devido a essa injusta apreciação das dificuldades impostas pela depressão.
Críticas como a de que o doente não tem "força de vontade" e de que o que necessita é de se "distrair e não pensar tanto", nada resolvem, aumentando a culpa e os sentimentos negativos existentes.

A possibilidade do suicídio deve estar presente na mente de quem convive ou trabalha com estes doentes, devendo o recurso ao médico ser incentivado, de modo a que se possa iniciar um tratamento adequado, o que contribui decisivamente para atenuar aquele risco.

Existem actualmente meios para tratar as depressões, em que se incluem os antidepressivos, as psicoterapias e, em casos mais graves, a electroconvulsioterapia.
A escolha dos tratamentos é da competência dos médicos clínicos gerais e dos médicos psiquiatras para os casos mais difíceis, e depende do tipo e gravidade da depressão, bem como da presença de outras doenças, que podem condicionar o uso de alguns medicamentos antidepressivos. J.N.

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