quinta-feira, 1 de março de 2012

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INFECÇÃO DO OUVIDO MÉDIO (Otite Média)
hmsportugal

O ouvido médio ocupa uma área (semelhante a uma caixa quadrangular) por trás do tímpano, que está conectada à parte posterior e superior da faringe (ao fundo do nariz), por meio de um canal designado Trompa de Eustáquio. As infeções do ouvido médio, conhecidas também por otites médias, podem ocorrer sempre que um determinado fator bloqueie a drenagem da trompa de Eustáquio. Nessas condições, ocorre uma acumulação de fluidos e tal ambiente é favorável à proliferação das bactérias ou vírus que migraram através da trompa de Eustáquio para o interior do ouvido médio.

As infeções do ouvido médio são uma causa da perda de audição moderada e reversível nas crianças e são também o principal motivo de consultas de urgência em idade pediátrica. A sua gravidade pode chegar ao ponto de provocar uma perfuração do tímpano, havendo ainda a possibilidade de se propagar a áreas adjacentes, como por exemplo à zona óssea situada atrás da orelha, isto é à mastóide. Os adultos também podem apanhar infeções do ouvido médio, mas são as crianças, sobretudo as que frequentam creches e jardins-de-infância quem corre um maior risco de sofrer estas infecções.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Os sintomas mais comuns de uma infeção do ouvido médio são a dor e as perturbações auditivas, nomeadamente uma redução transitória da capacidade auditiva. No interior do ouvido médio está localizado um conjunto de três ossos minúsculos (ossículos) que normalmente transferem as vibrações sonoras desde o tímpano para o ouvido interno, onde estas são transformadas em impulsos nervosos que o cérebro descodifica e interpreta na forma de diferentes sons. Nas pessoas que sofrem de otite média, todavia, a inflamação e a infeção podem alterar por completo este processo. Outros sintomas podem incluir febre, uma sensação de desconforto generalizado, vómitos e diarreia nos bebés, tonturas, perda de equilíbrio e drenagem de fluidos através do ouvido.

DIAGNÓSTICO

O médico colocará questões acerca das dores de ouvidos que o afetam, se se verificou alguma saída de fluído pelo ouvido ou se há ocorrência de febre. De seguida, examinará os ouvidos com um otoscópio — um instrumento em forma de cone com uma pequena lanterna que permite observar o canal auditivo e o tímpano; estará atento a alguma eventual vermelhidão ou inchaço do tímpano e verificará se este se move quando envia ar sob pressão para o canal auditivo através do otoscópio (o tímpano não apresentará qualquer movimento no caso de estar demasiado rígido ou se houver fluído por trás dele); poderá ainda requerer a realização de um exame auditivo designado por audiograma para fazer o despiste de possíveis problemas auditivos ou um outro teste conhecido por timpanograma, que serve para medir o grau de movimento do tímpano (normalmente após ter terminado o tratamento).

EVOLUÇÃO CLÍNICA

Os sintomas da otite média costumam apresentar melhorias muito assinaláveis no prazo de 48 a 72 horas, mas o fluído que se acumulou no interior do ouvido durante a infeção pode lá permanecer durante quase 3 meses.

PREVENÇÃO

Pode contribuir para reduzir o risco de contrair uma otite média ao fazer o seguinte:

Amamente o seu filho, pois o ato de amamentar parece de algum modo oferecer uma certa proteção contra a otite média.
Certifique-se de que o seu filho recebe todas as suas vacinas anti pneumocócica e anti Haemophillus influenza.
Evite expor as crianças a ambientes carregados de fumo, uma vez que o fumo resultante dos cigarros pode aumentar o risco das crianças virem a desenvolver otites. O fumo do tabaco perturba o funcionamento das trompas de Eustáquio e afeta a produção do muco que protege o ouvido. Se for fumador, tente deixar o hábito ou, no mínimo, evite fumar na presença de crianças.

TRATAMENTO

O tratamento a aplicar às infeções do ouvido médio dependerá da gravidade dos sintomas e do microrganismo que estiver a causar a infeção. Muitas infeções acabam por desaparecer por si próprias, e nestes casos a única medicação necessária são analgésicos. Até cerca de 80% das otites podem curar sem que seja necessário a utilização de antibióticos. Estes, porém, são prescritos a qualquer criança abaixo dos dois anos de idade ou a qualquer doente que apresente sintomas graves. Pode acontecer, por vezes, que o médico receite antibióticos, pedindo contudo ao paciente ou à sua família que aguarde 48 a 72 horas antes de iniciar a sua toma, na expectativa de que os sintomas aliviem sem recurso a tais medicamentos.

O médico pode também receitar um descongestionante ou um anti-histamínico para atenuar a inflamação da área em redor da trompa de Eustáquio.

No caso de ocorrer uma infeção particularmente grave, ou no caso de a infeção não responder a outros tratamentos, pode ser necessário inserir um pequeno tubo de drenagem através do tímpano. Este procedimento é realizado por um especialista em doenças dos ouvidos, nariz e garganta (um otorrinolaringologista), normalmente com recurso a anestesia. No caso ainda de se verificar a ocorrência recorrente e persistente de otites, estas podem ser devidas à existência de adenóides ou amígdalas dilatadas, pelo que o especialista recomendará uma intervenção cirúrgica para a sua remoção (que poderá ser efetuada em simultâneo com a drenagem do tímpano).

Quando contactar um médico

Contacte o médico se você ou o seu filho apresentarem queixas de dores de ouvidos ou se notar dificuldades auditivas. No caso de o doente ser um bebé, contacte o médico se a criança tiver febre, mostrar níveis de irritabilidade anormais ou não conseguir dormir, se esfregar ou puxar constantemente as orelhas, revelar sintomas como vómitos ou diarreia ou se não reagir normalmente a sons (no caso de, por exemplo, não se assustar com o bater de uma porta).

PROGNÓSTICO

As perspetivas de cura na maioria dos casos de infeção do ouvido médio são bastante boas. Quer a infeção, quer os seus sintomas costumam desaparecer completamente. No entanto, nos casos mais graves, e se nenhum tratamento for aplicado, a infeção pode alastrar, causando uma infeção no osso da mastóide (chamada mastoidite) ou até mesmo meningite, embora este último caso seja mais raro. Podem ocorrer dificuldades auditivas e embora não sejam necessariamente permanentes, estas podem afetar quer a fala, quer o desenvolvimento da linguagem nas crianças mais pequenas. JN

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